sexta-feira, 17 de setembro de 2010


FANTASTIC ENTREVISTA VÂNIA FERNANDES
ESPECIAL EM VÍDEO + ENTREVISTA EM TEXTO

ENTREVISTA


Antes de mais muito obrigado pelo dia 22 de Maio de 2008. Começando mesmo por aqui. Quando no envelope se leu ‘Portugal’, a arena na Sérvia ficou apoteótica, a Isabel Angelino ficou emocionada e todo um país vibrou com a tua passagem à final. E tu, o que sentiste?
Senti uma alegria imensa, orgulhosa de representar Portugal e muito honrada por nos terem confiado a grande responsabilidade de estarmos na final. 
Representaste Portugal e conseguiste a proeza de tornar a ‘Senhora do Mar’ perante o país e o Mundo a melhor prestação portuguesa na Eurovisão. Como encaraste este facto?
Eu não encarei de todo este facto, acho que é maravilhoso que tenham gostado da minha prestação mas acima de tudo respeito todos os outros representantes e sei que não fui melhor que nenhum deles, simplesmente tive sorte com a equipa que me acompanhou, com os cantores que cantaram comigo e tive muita sorte com a qualidade da música e do poema em causa, sem falar no produtor Carlos Coelho que fez uma grande promoção da música e levou-a mais longe.
 
Esperavas todo o sucesso à volta da tua prestação? Sentiste que Portugal estava contigo?
Não esperava tanto sucesso, nem estava preocupada com os resultados, estava mesmo focada em dar o meu melhor e fazer tudo ao meu alcance para que Portugal não ficasse decepcionado com a minha prestação. Senti Portugal connosco, senti essa responsabilidade e essa honra.

O 13º lugar e os 69 pontos foram decepcionantes?
De modo algum, como disse o mais importante foi o caminho e ao olhar para trás, sei que eu e os meus colegas, companheiros dessa grande viagem, demos tudo o que tínhamos e o que não tínhamos para fazer justiça à canção e ao nosso povo, por isso estou de consciência tranquila que foi o nosso melhor, e é tão bom sentir o reconhecimento por todo o esforço, não na pontuação mas nos vários públicos para os quais tenho actuado, na verdade, nunca saio de um palco sem cantar a "Senhora do Mar", não só pela minha vontade mas também por vontade do público.

Voltarias à Eurovisão?
Sinceramente acho que é uma experiência tão maravilhosa, uma produção tão grandiosa, que acho que toda a gente merecia lá ir, é uma grande lição de humildade e ao mesmo tempo sentimo-nos as maiores estrelas à face do planeta. Temos tantos bons artistas, compositores e autores, tanta gente boa a mostrar lá fora, que se há repetições é pouco enriquecedor para quem vê e muito egoísta para quem vai. Há uns anos repetiam-se os artistas porque não havia tanta gente como há hoje e porque o festival nacional tinha uma notoriedade e uma importância extrema por ser o grande espectáculo do ano. Acho que essa notoriedade devia se manter, mas felizmente existem cada vez mais espectáculos e oportunidades para os novos talentos atingirem os seus sonhos e serem reconhecidos pelo público.
 
Em relação à Operação Triunfo. Quando te inscreveste na OT estavas à espera de te tornar com o concurso uma das vozes mais respeitadas de Portugal?
Não, eu concorri só por descargo de consciência, porque eu apostava que não entrava. Fui para depois não pensar " e se tivesse ido...", mas nunca pensei que entrava, tentei levar os castings na desportiva, mantendo todas as minhas actividades paralelas e até tinha concorrido à faculdade nesse Verão, fui fazer as provas da mesma maneira que fui aos castings, porque achei mesmo que mais casting menos casting ia ficar pelo caminho.

Como viveste os meses que estiveste na escola da OT?
Semana a semana, foi assim que fui vivendo. Eu só desmanchei as malas na segunda ou na terceira semana e foi porque já não encontrava nada para vestir na desorganização. Nunca pensei que ficasse até ao fim, nunca levei semana nenhuma como garantida, estava preparada todas as semanas para ser nomeada e todas as semanas para sair. Não é negativismo, é um concurso e podem crer que houve gente tão boa que ficou-se pelos castings e colegas que chegaram a entrar no programa mas que nem tiveram a oportunidade de mostrar tudo o que valiam logo a minha postura tinha de ser esta, aproveitar e aprender ao máximo mas saber que mais tarde ou mais cedo tudo iria acabar.

Este tipo de programas, forma um cantor/músico ou apenas vende o produto durante o período em que o programa está no ar?
Acima de tudo este é um formato que apresenta o imenso talento que se esconde por aí, mas se temos ou não mercado para todos é outra questão. Como disse anteriormente, sempre tive noção que tudo era efémero nesta fase, porque sabia que mais tarde ou mais cedo tudo iria acabar, a fama é ilusória e o melhor foi que sempre tive quem me lembrasse disso e eu própria tinha essa consciência, então nunca me deixei levar nem nunca levei esta fama como garantida, sabia que ia acalmar. E tal aconteceu, felizmente ainda sou reconhecida e acarinhada pelas pessoas mas o que me deu rumo foi ter essa consciência. 

Aproveitei tudo posso honestamente dizer, e segui os meus objectivos, segui a minha vida, não podemos ficar presos em momento algum da nossa vida, tanto dos bons como dos maus, faz-nos mal. tudo tem o seu tempo, o seu caminho e por mais maravilhoso que tudo fosse sabia que ia acabar, e não tinha de ser triste, é o percurso natural das coisas,como o sol nasce e parte e a noite vem. Sabia que queria continuar a aperfeiçoar e que queria aprender mais, por isso continuei os meus estudos, e vou continuar a cantar se Deus quizer. 

A 4ª edição da OT está a chegar. Que conselho dás a quem vai concorrer este ano?
Força!!!! Divirtam-se muito, aproveitem o caminho, aprendem tudo o que houver para aprender não só musicalmente, claro. A melhor parte não é musicalmente, se fosse isso que queriam já podiam ter ido para uma das escolas de música do País, a melhor parte também não é a fama. A melhor parte é conhecerem tanta gente que tem os mesmos sonhos que vós e poderem partilhar isso com eles, não deixem a competição tomar conta de vós, limitem-se a aproveitar tudo o que há de melhor nos colegas, na produção, na oportunidade de trabalhar junto das câmaras, na oportunidade de aprender a cantar e a dançar ao mesmo tempo, na oportunidade de viver na pele de uma estrela e serem apaparicados como uma estrela.Sempre com humildade e consciência de que hoje podem ser os melhores e amanhã os piores, as coisas são mesmo assim e cada música que vos dão é um mundo por isso aproveitem e divirtam-se!!!!

Acabaste de lançar “Coração do Alto Mar”, o teu primeiro disco de originais, é aquele disco com que sempre sonhaste?
Sim, sem dúvida que sim. Demorei um pouco a condensar toda a música que pretendia, todas as sonoridades que sonhava ter neste disco, demorei a encontrar as pessoas certas com quem trabalhar, mas depois de encontrar tive muita sorte, pois estas levaram me à musica que sempre sonhei fazer. Esta procura de identidade na música é um caminho, e sinto que estou a caminhar na direcção certa.

Na tua música é notória uma influência do mar. És uma mulher ligada às tuas origens?
Sem dúvida. Gosto de me considerar uma cidadã do Mundo, mas tenho as minhas origens, tradições e cultura. Sou Portuguesa e acima de tudo Madeirense, tenho muito orgulho na minha terra, é lindaaaaaaaaaa!!!!!!!!

Quem fala em Vânia Fernandes é inevitável não falar na Madeira, como viste a tragédia que assolou a tua ilha este ano?
Fiquei devastada com aquelas imagens daqueles sítios que tão bem conheço e vê-los destruídos,sem dúvida que foi muito triste. Mas é incrível a força dos meus conterrâneos, mais uma lição a aprender com eles. Dia 20 de Fevereiro assisti às desgraças via internet e televisão e por telefone com familiares e amigos, uma semana depois fui ao Funchal e já não identificava as imagens dramáticas que tinha retido na minha mente, é claro que em alguns sítios demorou mais tempo a normalizar as coisas mas no geral os Madeirenses recuperaram muito rapidamente com a ajuda de todos. O que não recuperámos foi as vidas que se perderam infelizmente.

Quais serão os teus próximos projectos?
Para já fazer um grande concerto de lançamento do disco na minha terra! Infelizmente ainda não tenho data concreta para a sua realização mas espero ter para breve.
Espero também encontrar o agente certo para este projecto para que possa começar a fazer uma boa agenda de promoção do disco, vamos a ver.
Entretanto vou continuar a estudar, e mantenho os meus projectos musicais paralelos, os projectos com o maestro Jorge Salgueiro - concertos teatralizados; o meu quarteto de jazz com o pianista Júlio Resende; e alguns concertos pop que mantenho no Funchal e em Portugal Continental, estes últimos com os meus ex-colegas da OT e grandes amigos Nuno Pinto e Luis Sousa.
   
Uma última pergunta, incomoda-te seres a eterna ‘Senhora do Mar’?
É uma honra, mas não sou a " Senhora do Mar", sou simplesmente a rapariga que reza à Senhora do Mar.

EM POUCAS PALAVRAS...

    A melhor prestação portuguesa na Eurovisão é…
dificil de escolher, nomeio duas Maria Guinot e Simone de Oliveira com a "Desfolhada"

    A música de eleição no ESC2008 é…
SENHORA DO MARRRRRR

    A minha referência musical...
são várias... algumas são: Janis Joplin, Nina Simone, Ella Fitzgerald, Dulce Pontes, Maria João, Bjork e não pode faltar a grande Amália!

    O momento (profissional) da minha vida é…
todos os dias que subo a um palco!

    A música da minha vida é…
"Beatriz"

    Um dueto perfeito seria com…
Dulce Pontes.

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2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Aproveitamos para dizer que esta entrevista foi a mais lida de todas do nosso site e uma das mensagens mais lidas desde sempre!

    Obrigado a todos os leitores e obrigado à Vânia Fernandes

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