domingo, 15 de abril de 2012



Nesta edição do Fantastic Entrevista a nossa convidada é Sílvia Alberto. Estivemos à conversa com a conhecida apresentadora da televisão e falámos da sua carreira, como tudo começou, dos programas da concorrências e do novo sistema de audiências, entre outros assuntos.


ENTREVISTA


Foi em 2000 que se estreou em televisão, na RTP1, dando a cara pelo programa Clube Disney. Na altura apresentou o formato com José Fidalgo e Alexandre Personne. Eram três jovens promessas no mundo da televisão. Como recorda esses tempos?
Estão entre os melhores que passei em televisão, por terem sido os primeiros, é certo, mas principalmente pela convivência com a excelente equipa da extinta produtora “Fábrica de Imagens”. Lá adquiri as bases para o trabalho que faço hoje. Eles foram os meus mestres e muitos são ainda hoje pessoas com quem gosto de me reencontrar, para relembrar o passado e passar em revista o presente.

Doze anos depois, Sílvia Alberto é uma das principais caras da televisão portuguesa, José Fidalgo continua a dar cartas no mundo da representação e Alexandre Personne estuda música em Paris, tendo, por opção, deixado a televisão de parte. Imaginava chegar até aqui cerca de uma década depois?
Claro que não, o futuro continua a ser uma incógnita, tal como era na altura. Acho que na altura tinha pouca consciência de estar a iniciar-me no caminho que ainda hoje percorro. Guardo saudades do Alex, e espero que esteja muito feliz com as decisões que tomou. Lembro-me que a música fazia parte da vida dele. Não havia viagem que não fizesse de auscultadores a ouvir música. O Zé, sei que sentia que era boa pessoa. Os nossos caminhos cruzam-se pouco agora. Espero que esteja feliz. Mas a esta distância acredito que qualquer um deles guarde boas memórias daqueles tempos em que palmilhávamos o país de lés a lés.

Desde sempre pensou ser este o seu 'mundo', a televisão? Quais eram os seus sonhos antes dos 20 anos, altura em que começou a apresentar programas?
Nunca imaginei que este viesse a ser o meu caminho, mas quando simpaticamente me sorriu, achei que devia investir na oportunidade que me estava a ser dada. E aqui estou. Antes, muito antes, pelos 10, 12 anos, sonhava ser escritora, depois pelos 16, 17 anos queria ser advogada, aos 18 tinha a convicção de que poderia ser actriz. Ainda bem que aceitei o que a vida meu deu, não me arrependo. Embora as artes e as letras me acompanhem até hoje como prazer maior.




Depois do Clube Disney seguiram-se outros formatos na RTP. Em 2002 estreia-se na SIC, como repórter em Catarina.com, que era apresentado por Catarina Furtado. Mas foi em 2003, com a chegada do Ídolos a Portugal, que se tornou definitivamente uma das caras mais conhecidas do grande público. Concorda com isto? Porquê?
Concordo sim. Foi com o Ídolos que cheguei ao grande público. Um formato, na altura inédito em Portugal, e de grandes audiências. A apresentação em directo e em horário nobre implicava grande responsabilidade e obrigou-me a evoluir.

A seguir ao Ídolos ainda apresentou vários programas na SIC (chegou até a experimentar as manhãs da SIC, dando a cara pelo SIC 10 Horas), mas em 2005 abandona a estação, depois do final abrupto do Senhora Dona Lady. O final deste formato teve alguma coisa a ver com a sua saída? Quais foram os motivos que a levaram a trocar de canal?
Este assunto está gasto. A nova direcção não apostou em mim e eu apostei em sair. Se me permite, ainda hoje acho que apostei correctamente.

O que acha do formato, atualmente apresentado por Cláudia Vieira e João Manzarra? As bases estão lá, mas o Ídolos 3, 4 e 5 apresenta diferenças em relação às duas primeiras edições. Tem visto o desempenho dos seus colegas?
Estou muito longe dessa realidade. Passaram-se oito anos. Hoje não posso deixar de soltar grandes gargalhadas quando revejo as edições que apresentei. Do guarda-roupa, à postura, tudo me parece datado e desactualizado. A televisão está diferente e o formato seguiu os tempos. Não comento as edições mais recentes nem as prestações, para opinar o meio está cheio de amadores e de profissionais especializados e de críticas às vezes muito duvidosas...




 Na RTP 1 foi ganhando espaço e tem apresentado programas de grande entretenimento. O primeiro, neste 'regresso a casa' foi o Dança Comigo e logo depois, em 2007, o Aqui Há Talento, ambos com resultados audiométricos bastante bons. A que acha que se deve este sucesso?
Talvez o mesmo fenómeno que se passa com “A tua cara não me é estranha”, para mim a melhor aposta da TVI dos últimos tempos. Programas despretensiosos, familiares, de puro convívio, com um certo grau de imprevisibilidade e muito boa disposição. Qualquer um dos três poderia substituir uma noite de Trivial Pursuit ou Party&Co com os amigos. Se me faço entender.


Depois disso, seguiram-se outros formatos como a Operação Triunfo, Febre da Dança ou Último Passageiro. Contudo, alguns destes não foram tão bem aceites pelo público. Preocupa-se com as audiências? Porque acha que obtiveram estes resultados?
Eu não colocaria a Operação Triunfo nesse rol, até porque, segundo me recordo, não é bem verdade se comparar com os valores das edições anteriores, sem esquecer ainda a mudança do mercado e o posicionamento da estação. A OT esteve quase sempre acima da média da RTP. Quanto aos outros dois formatos, não me cabe comentar factores como valores de produção, horários de exibição ou possibilidade financeira de investimento em promoção. A meta de um apresentador, creio, será sempre fazer bem o seu trabalho, e acredite, trabalhei tanto para esses formatos como para qualquer outro.

O que tem a dizer do novo sistema de medição de audiências, que tem gerado alguma polémica pela grande queda da RTP em relação às outras estações?
Tenho acompanhado a imprensa nacional, e dado o relato dos incidentes registados, não me parece que subsistam quaisquer dúvidas que demoraremos a ver restabelecida a confiança no sistema.


Tem sido, nos últimos anos, a cara do Festival RTP da Canção. Como tem sido a experiência? E como foi partilhar, este ano, o palco com Pedro Granger?
É sempre uma honra apresentar uma efeméride que conta com quarenta e oito anos de história, e por onde já passaram tantos rostos ilustres e grandes músicos portugueses. A partilha do palco com o Pedro foi divertida, a matar saudades dos bons velhos tempos.

O que acha que falta à televisão portuguesa atualmente?
Como disse, opiniões são opiniões. Acho que a medição de audiências está desajustada à forma como hoje consumimos televisão. Hoje, consumo televisão como consumo internet, quando um produto me interessa, deixo a gravar e vejo quando me convém, não respeito horários de exibição. Acredito que sejamos muitos a fazer o mesmo. Ter o poder de seleccionar é a verdadeira revolução, mas apurar estas visualizações é ainda impossível. Só assim poder-se-ia apostar em conteúdos renovadores, em ideias pensadas em português e para os portugueses. Isto, claro, na convicção de que há espectadores para esses novos conteúdos.


O que pode revelar sobre o novo programa musical que tem preparado para a RTP1?
Que está gravado e que a seu tempo será exibido. Muito antes disso estarei de regresso ao écran com outro projecto.


EM POUCAS PALAVRAS

A série da minha vida... Twin Peaks. As do momento, “Downtown Abbey”, “Era uma vez” e antes desta “American Horror Story”

O meu programa preferido.... Viajar, Conan O’Brien, Nada de Especial, America’s Next Top Model….e muitos outros.

Uma referência na televisão... Steve Cooper, David Letterman

Uma atriz/um ator... Daniel Day Lewis, Ralph Fiennes, Cate Blanchett

Uma música... Hurt, Jonhny Cash

Uma companhia perfeita... Uma fatia de bolo “Floresta Negra” e a Lolita do Nabokov.

O par ideal na apresentação... Há muitos bons pares, mas o ideal não existe. É muito mais difícil trabalhar em dupla.

A Sílvia é... Amanhã digo-lhe.

Um objetivo de vida... Como dizia o Variações: “Quero é viver” (…)“Espero sempre um amanhã.” (…) “Interessa-me o que está para vir.” (…) “… encontrar, renovar, vou fugir ou repetir.”

Aqui fica a letra para me perceber melhor:

Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver

Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer

e a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar, vou fugir ou repetir

vou viver,
até quando, eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
amanhã, espero sempre um amanhã
eacredito que será mais um prazer

a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com idade
interessa-me o que está para vir
a vida, em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

encontrar, renovar vou fugir ou repetir

vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver,
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer




FANTASTIC ENTREVISTA - Edição 16
Convidada: Sílvia Alberto
Produção: André
Colaboração: João Miguel
Fantastic 2012

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